Bordando e Contando Histórias

“ Quando eu ligo a memória, é muito raro ver minha mãe parada, ela está sempre às voltas com agulha , linha e lã: caprichando no tapete o ponto de arraiolos, bordando o pano de mesa todo em cruz, preparando a tela pro “filet”, tricotando o suéter, crochetando a colcha, cerzindo a meio no ovo de madeira, cortando e alinhavando o pano pra me fazer um vestido. Então, eu nunca me lembro da minha mãe sozinha: é sempre ela e o costureiro.
O costureiro variava. Às vezes, era uma cesta. Outras vezes, era uma caixa de madeira...

Lygia Bojunga

A Biblioteca Infantil encheu sua caixa de costura. Mexeu com botões, remexeu fios guardados, fatos, acontecimentos, histórias que as crianças e suas famílias costuraram através dos tempos: o nascimento dos filhos, a manta costurada, um bordadinho feito com muito carinho, um sapatinho tecido a várias mãos.
Muitas histórias foram tecidas pelas crianças. Cristina Lopes, mãe do Eric, aluno da turma 301, escreveu esta linda história.

A Arte e os Bordados em Nossas Vidas

A costura nunca foi o meu forte, apesar de várias tentativas com minha mãe, avós e tias.
Sempre tive meus sonhos voltados para os estudos e para o desenvolvimento profissional. Acho que faz parte da minha geração, que cobrou muito da mulher o sucesso profissional, além do atendimento das necessidades domésticas da família.

Eu gostava de desenhar e, com o passar dos anos, fui descobrindo que era capaz de desenhar paisagens, movimentos e pessoas, sem ter feito curso de artes plásticas.
Passei na prova de habilidade específica exigida no vestibular de Arquitetura e Urbanismo e segui carreira, mas ainda não tinha noção do que era capaz de desenhar e criar. Achava tão simples que não entendia como outras pessoas tinham dificuldades nessa área.
Entretanto, com o passar dos anos, minhas atividades artísticas foram substituídas por trabalhos burocráticos e domésticos; deparei novamente com o meu obstáculo: a costura. Pregar botões, fazer bainhas. Costuras? Nossa! Que horror!Não adianta, não sai nada!

A minha sorte é ter uma sogra “altamente”, ou como eu diria, genuinamente doméstica. Cozinha bem, costura bem e borda como uma fada! Ela fez o meu enxoval, o enxoval dos meus filhos e continua fazendo para outras pessoas e parentes.
Mas como nada na vida é perfeito, o maior sonho dela era se formar, trabalhar fora e desenhar, mas não consegue dar um traço sequer!

Por isso por saber que um dom, seja para desenhar, bordar ou pintar, é uma arte do Deus Divino, que em sua bondade e sabedoria não fez seres perfeitos para que houvesse união, parceria, comunhão e amizade.
Valorizo muito os bordados de minha sogra, cujo nome é Darci. Todo o meu enxoval e o enxoval e meus filhos guardo com muito carinho. Às vezes, tenho até medo de usar, para não estragar. Muita coisa nem uso. É uma arte que quero preservar!




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